segunda-feira, 21 de junho de 2010

Pelos outros


Desde de pequena... Sim, desde de pequena eu faço as coisas pelos outro. Sempre que penso, penso primeiro nos outros, antes mesmo de pensar em mim.

Ao comer o último biscoito... Ainda parava, pensava, refletia e oferia para o meu irmão.
Ao sentar em uma mesa, comprar um refrigerante, jogar o resto da comida no lixo... Pensava se existia alguém pra ajudar.
Ao fazer minha mochila, ao levar coisas não essenciais para a aula, ao fazer um desenho... Sempre pelos outros.
Até mesmo para tomar uma atitude mais... digamos... importante ou monstruosa... Sempre pensando nos outros.

Sempre foi assim desde o início. Decidi viver com isso. Minha função? Ajudar os outros. Fácil? Não. Deixar de comer algo que gosta. Deixar de comprar algo que queira. Se submeter ao ridículo... Infelizmente, pelos outros, é isso o que eu faço.

Ao ter a coragem de falar para laguém que ele esta cometendo um erro e colocar a cara a tapa correndo o risco da pessoa nunca mais olhar na minha cara... Foi, com certeza, pensando em outra pessoa. Pensando nas chances que essa outra pessoa teria com a primeira.
Ao ter a coragem de perguntar se a amizade vai continuar ou não... Foi pensando em alguém, na pessoa, eu outras pessoas, ou até em mim mesma por um instante... Mas teve alguém.
Ao ter a coragem de chorar sozinha no escuro, debaixo da coberta e com o rosto no traveseiro... Foi para que ninguém sofresse com a minha dor.
Ao enfrentar barreiras, romper meus princípios, passar dos meus limites... Foi porque alguém pediu, foi porque alguém quiz.
Ao puxar saco, imitar, fazer tudo por alguém... Outra pessoa precisava que eu fisesse isso porque não tinha a coragem de simplesmente pedir.
Ao me meter no meio de uma briga foi porque alguém era fraco demais.
Ao engolir o ergulho, baixar a cabeça, levantar o escudo, dar a minha a cara a tapa mais uma vez e lamber o chão, ah, isso foi porque mais de uma pessoa quiz, mais de uma pessoa sofrera, mais de uma pessoa se incomodava.

E eu fiz. Fiz tudo isso e muito, muito mais. Talvez eu faça pelas pessoas certas, mas com certeza faço mais pelas pessoas erradas. Não que eu goste, não gosto, mas eu erro. Erro muito.

Aprendi, por conta de tudo o que eu faço pelos outros, a viver sozinha. Sabe, eu faço as coisas para os outros, pelos outros, mas eles não fazem as coisas por mim (existem exessões). Eu posso viver sozinha, tendo um ou dois amigos verdadeiros. Infelizmente os outros não e isso me da pena e eu continuo fazendo as coisas para eles.

Não me arrependo do que fiz, só me arrependo do que eu deixei de fazer. Afinal alguém sempre sai feliz no final da história, mesmo que essa pessoa não seja eu.

1 comentários:

DUDA disse...

Complicado...mas nao vejo isso como um defeito e sim como um jesto muito nobre que poucas pessoas tem.
bijos

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